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Asma ocupacional corresponde de 5 a 10% dos casos em adultos

A asma é uma doença respiratória crônica que se manifesta ou se exacerba através de crises agudas recorrentes de sibilância, dispnéia, sensação de constrição torácica e tosse. Pode se apresentar com intensidade e frequências variáveis e reverte espontaneamente ou com uso de medicação inalatória broncodilatadora ou anti-inflamatória tópica. Casos mais graves podem levar a hipoxemia, cianose, taquipneia, taquicardia e tiragem intercostal.

O processo inflamatório das vias aéreas inferiores na asma caracteriza-se pela presença de edema de mucosa brônquica, hipersecreção e contração da musculatura lisa peribrônquica, com consequente estreitamento generalizado do calibre das vias aéreas. Geralmente o processo inicia na infância ou adolescência, podendo surgir na idade adulta. A Organização Mundial de Saúde apoiou a realização de uma pesquisa no Brasil, que verificou que 23% de uma amostra populacional, apresentou sibilância até um ano antes do inquérito, sendo que somente 12% destes tinham diagnóstico médico de asma.

A Asma Relacionada ao Trabalho corresponde de 5 a 10% dos casos de asma em adultos.

A Asma Relacionada ao Trabalho se divide em 2 grandes grupos:

  • Asma Ocupacional: é aquela desencadeada por agentes específicos presentes no local de trabalho. Ela pode ser de dois tipos:
    – Asma induzida por sensibilização;
    – Asma induzida por irritação.
  • Asma Exacerbada pelo Trabalho: trabalhador já portador anteriormente de asma, mas que apresenta exacerbação na presença de fatores presentes no ambiente de trabalho.

Os mecanismos patogênicos dependem das características físicas e químicas do agente inalado e da suscetibilidade individual.

A asma induzida por agentes sensibilizantes, também conhecida como asma ocupacional imunológica, alérgica ou com período de latência é a apresentação mais comum. Os sintomas aparecem após um período de exposição, com o trabalhador assintomático, podendo durar este período dias, meses ou anos, sendo que geralmente transcorre um período de 2 anos de latência em 40% dos trabalhadores. Esses sensibilizantes são geralmente compostos proteicos de alta massa molecular, de origem animal ou vegetal.

A grande maioria dos casos de asma ocupacional é induzida por isocianatos, farinhas vegetais, látex, proteínas animais, alguns metais (como cromo e níquel), poeiras de madeira e persulfatos. A exposição a aerodispersóides contendo endotoxinas bacterianas e toxinas fúngicas pode provocar episódios asmatiformes e incide em trabalhadores de armazenagem de grãos, agricultores, trabalhadores de engenhos entre outros.

Os fatores predisponentes que aumentam o risco do trabalhador apresentar asma ocupacional são a atopia. Os fatores ambientais restaram comprovados que o nível de concentração do agente sensibilizante relaciona-se com a chance de apresentar asma ocupacional. Lembrando que o conceito de limite de tolerância nesses casos é de difícil estabelecimento, não havendo consenso em relação ao nível de corte de concentração.

O hábito de fumar, por outro lado, parece aumentar a chance de sensibilização.

A asma ocupacional induzida por irritantes também denominada como asma não imunológica ou sem período de latência, é causada por agentes tóxicos ou irritativos da mucosa respiratória. A apresentação clínica mais frequente é a síndrome de disfunção reativa das vias aéreas (RADS) que causa uma reação inflamatória intensa com destruição do epitélio brônquico e ativação de macrófagos e mastócitos, com consequente liberação de mediadores inflamatórios. Os fatores relacionados são gases, vapores, fumos, material particulado em elevada concentração, podendo causar asfixia e morte por obstrução de vias aéreas (por exemplo na exposição a altas concentrações de amônia, ácido hidroclórico).

Existem listas que enumeram origem, agente e tipo de atividade ocupacional que podem ser consultadas na bibliografia indicada a seguir. É preciso lembrar que a detecção de um casos de asma ocupacional deve ser um indicativo de evento-sentinela, pois outros trabalhadores podem desenvolver quadros semelhantes pela exposição ocupacional.

Fonte: ANAMT
Programa de Atualização em Medicina do Trabalho; Ciclo 3 volume 1.
Asma ocupacional: diagnóstico, manejo e medidas preventivas
Autor: Carlos Nunes Tietbol Filho

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